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terça-feira, 1 de outubro de 2013

A emocionante peça “Auto da Aldeia do Guajiru, a Batalha de São Miguel”, em Extremoz


O espetáculo é encenado desde setembro de 2009

Por Leonardo Sodré
Fotos: Denis Cleber / Leonardo Sodré

A peça “Auto da Aldeia do Guajiru, a Batalha de São Miguel”, foi encenada em Extremoz neste domingo, 29, às 20h30, Nas ruínas da mais antiga Igreja Jesuíta do Rio Grande do Norte, por cerca de 150 atores com texto e direção de Ricardo Veriano. Movido pela oração – os atores rezam conjuntamente antes de entrar em cena -, a 5ª edição do espetáculo emocionou os espectadores, que aplaudiram de pé a vitória de São Miguel Arcanjo contra o mal.


Aberta pelo prefeito Klauss Rêgo, a peça reviveu a realidade e a lenda da História de Extremoz em cenário mítico e começou com um cortejo ditirâmbico de recepção entre atores e platéia. Em seguida foi encenado o ato de Roma, do século XVI, que envia para as terras do Guajiru os soldados de Cristo da Companhia de Jesus. Depois veio a Ode a Lagoa de Extremoz, com o “Balé das Águas”. O cego Dedé do Araçá, sempre no palco, contava toda a História, material e imaterial do Guajiru, incluindo a catequização, depois vieram outros atos, como “Jesuítas e índios ‐ passatempo indígena”, “A dança e outros hábitos”, “Os negros escravos presentes no Guajiru”, “A expulsão dos Jesuítas soldados de Cristo”, “A lenda do carro de boi caído, ou o sino desaparecido e o português degredado como modelo social de família mambembe em Extremoz”, “O Coro do bem Ângelus versus Sombra do Mal Demus”, “A grande Batalha que submeteu a cobra da lagoa ao julgo de São Miguel e por fim “O céu acampado em Extremoz”, terminando com show pirotécnico.


“Quando vim para Extremoz pesquisar para começar a escrever o texto da peça, percebi que no município, muito vasto, existiam vários santos e santas padroeiras nos bairros e distritos. Além do padroeiro oficial da cidade, São Miguel Arcanjo, existem mais 20 padroeiros. Então pensei: é o Céu acampado em Extremoz, daí o ato mais significativo depois da vitória de São Miguel Arcanjo e que encerra o espetáculo, com a apresentação de todos os padroeiros e padroeiras. Realmente uma cena que chama a atenção e que emociona a muitos”, relatou Ricardo Veriano, diretor e escritor do auto.


 Ambiente

O ambiente trouxe uma dosagem de realidade à cena da chegada dos jesuítas à Vila de Extremoz, assim como configura um cenário grandioso para as outras cenas, que contam o convívio entre índios, europeus e negros naqueles tempos coloniais.  O Auto da Aldeia do Guajiru, a Batalha de São Miguel é encenada desde setembro de 2009, sendo, ao longo do tempo, fruto de um processo contínuo de discussões coletivas públicas, estudos e outras ações conjuntas da cidade de Extremoz e seus distritos. A identidade cultural da cidade flui através do teatro e suas linguagens, recheadas de novas interpretações a favor ou contra a História oficial dos seus autores, os vencedores, que contaram a história corrente em detrimento dos seus atores: o índio, o português e o negro. (LS).




3 comentários:

  1. Assim como as nascentes perenes dos rios, fiz nascer esse espetáculo em mim, faço parte dessa história. Em setembro de 2009, fui convidada a ser assistente de direção/Coreografa.Com isso, posso falar com muita propriedade sobre todo o processo, bastidores, e grandiosidade que é esse espetáculo. Colocar em cena "atores não atores", "bailarinos não bailarinos", talvez seja de tudo, o que temos de maior riqueza e desafio nesse processo. Aproveitamos o repertório e vivência que cada um traz consigo, e em 3 dias lapidamos, como joia rara. Assim a beleza vem dessa genuína forma de compreender a história ali contada, recontada e recriada. A cada ano nos superamos, ficamos mais confiantes, que produzir arte é só uma questão de investimento e oportunidade, seja onde for. Ainda há muito a ser lapidado, é verdade, porém posso afirmar, é um espetáculo grandioso em número de pessoas, plasticidade cênica e texto. Por fim, encerro minhas últimas impressões dizendo que é preciso coragem e disposição para abraçar um processo de montagem igual a esse, em conversa com Ricardo Veriano,chegamos a conclusão que só tendo uma boa dose de loucura para encarar, e ainda, apesar de toda beleza, os recursos destinados ainda andam longe do ideal.
    (Tânia Suassuruna)

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  2. Assim como as nascentes perenes dos rios, fiz nascer esse espetáculo em mim, faço parte dessa história. Em setembro de 2009, fui convidada a ser assistente de direção/Coreografa.Com isso, posso falar com muita propriedade sobre todo o processo, bastidores, e grandiosidade que é esse espetáculo. Colocar em cena "atores não atores", "bailarinos não bailarinos", talvez seja de tudo, o que temos de maior riqueza e desafio nesse processo. Aproveitamos o repertório e vivência que cada um traz consigo, e em 3 dias lapidamos, como joia rara. Assim a beleza vem dessa genuína forma de compreender a história ali contada, recontada e recriada. A cada ano nos superamos, ficamos mais confiantes, que produzir arte é só uma questão de investimento e oportunidade, seja onde for. Ainda há muito a ser lapidado, é verdade, porém posso afirmar, é um espetáculo grandioso em número de pessoas, plasticidade cênica e texto. Por fim, encerro minhas últimas impressões dizendo que é preciso coragem e disposição para abraçar um processo de montagem igual a esse, em conversa com Ricardo Veriano,chegamos a conclusão que só tendo uma boa dose de loucura para encarar, e ainda, apesar de toda beleza, os recursos destinados ainda andam longe do ideal.
    (Tânia Suassuruna)

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  3. Assim como as nascentes perenes dos rios, fiz nascer esse espetáculo em mim, faço parte dessa história. Em setembro de 2009, fui convidada a ser assistente de direção/Coreografa.Com isso, posso falar com muita propriedade sobre todo o processo, bastidores, e grandiosidade que é esse espetáculo. Colocar em cena "atores não atores", "bailarinos não bailarinos", talvez seja de tudo, o que temos de maior riqueza e desafio nesse processo. Aproveitamos o repertório e vivência que cada um traz consigo, e em 3 dias lapidamos, como joia rara. Assim a beleza vem dessa genuína forma de compreender a história ali contada, recontada e recriada. A cada ano nos superamos, ficamos mais confiantes, que produzir arte é só uma questão de investimento e oportunidade, seja onde for. Ainda há muito a ser lapidado, é verdade, porém posso afirmar, é um espetáculo grandioso em número de pessoas, plasticidade cênica e texto. Por fim, encerro minhas últimas impressões dizendo que é preciso coragem e disposição para abraçar um processo de montagem igual a esse, em conversa com Ricardo Veriano,chegamos a conclusão que só tendo uma boa dose de loucura para encarar, e ainda, apesar de toda beleza, os recursos destinados ainda andam longe do ideal.
    (Tânia Suassuruna)

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