Armando Negreiros, médico e presidente da Academia de Medicina do RN (armandoanegreiros@hotmail.com)
O escritor norte-rio-grandense que é autor de livro sofre forte discriminação de algumas livrarias locais. A do aeroporto é a mais radical, pois não permite a venda de nenhum livro de autor local, mesmo que isso não implique em nenhuma despesa, pois os livros são deixados em consignação e o lucro é de trinta por cento. É uma tal de “só de ler”... autores de fora. Tenho a desconfiança de que se for flagrado um autor natalense em suas dependências eles expulsam.
A “Siciliano” criou um local para autores regionais, mas vez por outra escondia os livros em locais inencontráveis, alegando falta de espaço. Foi vendida à “Saraiva” e, pasmem os senhores, permaneceram todos os livros, menos os dos autores regionais. E os livros foram devolvidos aos seus autores? Nada! Houve prestação de contas dos livros vendidos? Nonada! E, já que a “Siciliano” extinguiu-se, qual o destino desses livros! Contarei uma história inacreditável sobre o paradeiro desses livros.
Como estava com três títulos em consignação (“Poucas e boas 3”, “A folga da dobra” e “Na companhia dos imortais”) e na transferência da “Siciliano” para a “Saraiva” não fui informado de nada, fui até a “Saraiva” para saber por onde andavam os meus desprezados livros consignados. Deram-me, então, um telefone de uma senhora. Liguei várias vezes, ela nunca tinha tempo para procurar os meus exemplares. Mas, acabou me dando um endereço. Semanas depois liguei para marcar uma visita, mas já era outra funcionária. Esta disse que só me atenderia por e-mail. Não era possível por telefone, pois era um procedimento padrão da empresa. Concordei. Mandei e-mail e mensagem telefônica. Resposta? Nenhuma! Nem meus telefonemas ela atendia mais. Após várias semanas resolvi ir até o local. Não pelo valor dos livros, mas por uma questão de princípios.
Fui até o escritório na avenida Alexandrino de Alencar, no térreo de um edifício residencial, vizinho à padaria Boca de Forno (à direita de quem está entrando), próximo a avenida Ruy Barbosa (aliás, Zacarias Monteiro, naquele trecho). Havia em torno de oito a dez funcionários. Indaguei quem era a senhorita “X”. Apontaram-me para uma moça que se encontrava ao telefone. Num intervalo entre as intermináveis ligações identifiquei-me e ela disse-me que estava ocupada, que não poderia me atender. Foram quarenta minutos de espera e nada. Neste ínterim fiquei sabendo que ali era um escritório da “Claro”, cujo dono é filho do dono da Siciliano, segundo informações colhidas no próprio local. Descobri também uma estante cheia de livros de autores regionais. Calmamente, procurei os meus... debalde. Descobri um quarto anexo e adentrei-o. Uns vinte metros quadrados cheio de caixas. Dois gentis funcionários avisaram-me que eram mais livros de autores locais. Vou procurar os meus! afirmei com esperança. Em pouco tempo achei dois títulos, num total de quinze exemplares. Estavam consignados mais de trinta livros. Botei debaixo do braço e agradeci a ajuda dos funcionários. Deram-me um protocolo para eu assinar, ocasião em que questionei sobre os que estavam faltando. Não sabemos informar, foi a resposta.
A senhorita “X” continuava na sua vocação para telefonista ininterrupta. Resolvi avisá-la que havia recuperado parte do meu patrimônio, dirigi-me a ela:
- Senhorita “X” em cinco minutos encontrei os meus livros que a senhorita não conseguiu encontrar durante meses. Já estou aqui há mais de uma hora e a senhorita não teve a menor consideração para com um indivíduo muito ocupado, médico, advogado, membro de duas academias e, ainda por cima, um velho, pois já estou com sessenta e dois anos de idade e pensei que mereceria a mais mínima consideração! Vou fundar uma empresa para maltratar os meus clientes e a senhorita será contratada para ser a gerente geral!
A cena seguinte foi inacreditável. A senhorita “X”, bem jovem, levantou-se e gritou espumando de ódio:
- Esse seu currículo é uma merda! Vá você e suas academias pro inferno!
Ato contínuo, histericamente, começou a querer chorar, única ocasião em que perdi um pouco a paciência:
- Engula o choro! Pois uma pessoa estúpida e ignorante como você não pode chorar, a não ser por fingimento!
Imediatamente ela engoliu o choro. Chegando em casa fui ao site da Siciliano. Não encontrei local para contar essa história. Tinha lá um lugar, mais ou menos assim – “Deixe aqui a sua ideia”. Contei o ocorrido, tem mais ou menos um mês e não recebi resposta.
ATENÇÃO, AUTORES POTIGUARES, VÃO BUSCAR OS SEUS LIVROS CONSIGNADOS NA LIVRARIA SICILIANO!!! O endereço é: Avenida Alexandrino de Alencar, no térreo de um edifício residencial, vizinho à padaria Boca de Forno (à direita de quem está entrando), próximo a avenida Ruy Barbosa (aliás, Zacarias Monteiro, naquele trecho). O telefone é 9131-9500. O e-mail é: talita.alencar@artetelecom.com.br
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