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domingo, 19 de maio de 2013

O Corno


Augusto Coelho Leal
Engenheiro

Não sei por que eu tenho uma atração por cornos, aliás, não são bem os cornos que me atraem e sim suas mulheres, pois as pobrezinhas vêem seus maridos constantemente em gozações. Por isto, estou sempre disposto a confortá-las, acho que é um ato de humanidade. Para tal atividade social, faço uma coleção dos telefones delas, venho fazendo isto, desde dezoito anos. O ruim, é que cheguei à conclusão que a tal coleção nunca vai ter seu final, sempre aparece mais um número.
O Corno geralmente (não é regra) é um sujeito falante, bem vestido, gosta de mostrar seus dotes financeiros e dotes físicos de suas esposas. Mas, existe corno de mulher feia (o que é pior) e também na classe menos abastadas, mas, desses conheço pouco porque não fez parte da minha tese de doutorado apresentada na Universidade de Berlim. Acho que quando mais abastado for o individuo maior a sua chance de ser corno.
Existem histórias e estórias de corno, umas tristes que não vale apena contar e outras alegres, estas sim merecem ser contadas, para que se veja como o corno é necessário a nossa sociedade. Embora eu ache que já tem corno demais nessa terra de meu Deus.
Existia um cidadão, fazendeiro que era muito respeitado por toda nossa sociedade e respeitador. Por isto os seus trabalhadores tinham por ele muito respeito e afeição. Um belo dia (toda história tem isso), chegando a sua fazenda notou que tinha um morador muito calado e cabisbaixo. Chamou o cidadão e perguntou o que estava havendo. Chiquinho magrinho e franzino contou-lhe que o Pedrão havia carregado sua mulher. Então, o fazendeiro, homem disposto e cumpridor dos seus deveres, ouvindo Chiquinho disse.
- Ô Chiquinho, me diz uma coisa, por acaso ele deixou a mulher dele em casa?
- Sim Coroné ele adeixou sim e pru riba, a pobrezinha ainda ficô cuma eu, com dois fio pra criá
- Pois vá lá e fique com a mulher do Pedrão para você, diga a ela que foi eu quem mandou.
Assim feito, assim cumprido. Meses depois, cavalgando pela sua fazenda, o Coronel se encontra com Chiquinho todo contente trabalhando na lavoura e perguntou – E aí Chiquinho como está de mulher nova?
- Aaaah Coroné ta bom qui ta danado, o Pedrão voltou para distrocar a mulé, butou uma vaca e uma jumenta no negócio, mas eu num aceitei não, eu vou é ficá cum essa mulé trepadeira qui o negócio ta muito bom.
O pai de um amigo meu já com noventa e quatro anos de idade, viúvo, inventou de casar com uma jovem mulher de vinte e três anos. Foi um reboliço na família, os filhos tentaram de todas as maneiras tirar aquela idéia da cabeça do bom velhinho. Como não conseguiram, um dos filhos afobou-se e disse para o velho
- Papai o senhor não está vendo que isto não vai dar certo? O senhor vai levar chifre, muito chifre.
O velhinho com seu olhar angelical, quase de uma criança, fitou o filho e com a voz cansada disse.
- Tem nada não meu filho, é por pouco tempo, não se preocupe... É por pouco tempo.
Lá pras bandas do Seridó, um bancário começou a sair com a mulher de um médico, A mulher do bancário descobriu e avisou ao médico o que estava acontecendo. Os dois combinaram de pagar com a mesma moeda. Começaram um namoro, gostaram e passaram a frequentar o mesmo motel. Um belo dia (novamente) o bancário também descobre que está sendo traído. Como não podia pagar na mesma moeda, pois já vinha utilizando as benesses da mulher do médico resolveu se armar e esperar os dois na saída do motel. O casal estava saindo do motel, o bancário sacou do revolver e disse – Fela da puta vou matá-lo. Sem afobar-se, o médico olhou para o bancário e disse.
 – Guarda essa porra desse seu revolver porque se revolver de corno matasse, eu já tinha atirado na sua cara há muito tempo. Os dois continuaram usando diadema de vaca por muito tempo e foram felizes para sempre. Vejam que ser corno não é tão ruim, 
Eu quero avisar aos mais afoitos, que embora estas historias sejam verdadeiras, não confiem muito não, pois tem revolver de corno que mata, e como mata.

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