Armando Negreiros, médico
(armandoanegreiros@hotmail.com)
Partiu na madrugada desta segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013, o grande primo, tio e amigo Raimundo Costa. Casado com Maria Luzia, irmã do meu pai, tiveram Cynthia, filha única, casada com Rafael Filho, meu irmão. São quatro os netos: Marcelo, Marcos, Saulo e Rafael Neto. Os três primeiros advogados e o último terminando medicina. O dia 17 de dezembro era uma data com tríplice comemoração: aniversário de Raimundo, de Maria Luzia e de casamento. Este ano seria 85, 80 e 60, respectivamente.
Na década de cinquenta o casal veio morar em Natal. Costa era gerente da Casa Gomes, na Ribeira, que negociava com tecidos. Moravam na Avenida Prudente Morais, vizinho onde foi uma escola de natação (Tutubarão, de Raimundinho meu cunhado, como dizia Bosco, salvo engano). Mas na época quem morava nessa casa era Guiomar, irmã de Costa. Lembro-me que a rua sequer tinha calçamento, era barro mesmo.
Esse casal hospedava toda a família, que não é pequena, de Mossoró. A acolhida era tão afetuosa que nos sentíamos realmente em casa. Todas as sobrinhas de Maria Luzia que residiam em Mossoró moraram na sua casa em Natal. Ione, filha de Gabriel, Maria Helena e Tânia, filhas de Ruth e Lavínia, filha de Rômulo. Passamos, todos os sobrinhos, várias férias em sua casa. Depois se mudaram para a Rua Miguel Barra. Não sei qual era o milagre, mas a casa abrigava toda a família que chegasse.
Muito religioso, ex-seminarista, sabia não só a missa toda em latim, como conhecia latim e português em profundidade. Qualquer dúvida sobre o assunto ligava para ele e a resposta era imediata. Calmo, quando havia alguma divergência de opinião, encerrava logo com uma frase em latim: gustus et colorum non disputatum. No que eu discordava, argumentando que, se todo o mundo concordasse com todos, ninguém conversava.
Quando a Casa Gomes fechou, Costa foi trabalhar na Guararapes, onde ocupou uma das mais importantes diretorias, a financeira. Trabalhador incansável, aliava a seriedade e retidão à competência. Mesmo depois de aposentado continuou trabalhando no Conselho Diretor por muito tempo. Era um exemplo a ser seguido por toda a família.
Grandes anfitriões, foram inúmeras as festas e recepções organizadas pelo casal, sempre num clima de alegria e confraternização. Quando resolvemos formar um grupo para construir o Condomínio Residencial Rafael Negreiros, foi Costa quem tomou a frente, organizou todas as reuniões e ficou responsável pela contabilidade. Acabou sendo o síndico perpétuo, enquanto a saúde permitiu.
Quase todos os finais de semana eu e André Newton o visitávamos. Newton acabou indo primeiro em 27 de julho do ano passado. A última vez que conversei com ele foi no sábado, dia 16. Estava bastante edemaciado, mas mantendo o bom humor, chegou a recitar poemas e ao final brincou: a velhice é uma merda. Raimundo Nonato da Costa já começou a deixar muitas saudades, pelo homem agradável e acolhedor que era. Descanse em paz, meu caro e dileto amigo.
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