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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Incidência de Tétano cresce no RN e Sesap alerta população para vacina

A incidência de tétano acidental tem aumentado assustadoramente, nos últimos anos, no Rio Grande do Norte, a ponto de estar preocupando os gestores e técnicos da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação Estadual (SINAN), no período de 2007 a junho de 2013, foram notificados no RN um total de 78 casos suspeitos de tétano acidental, com confirmação de 48 casos, resultando em 13 óbitos. Ano passado foram seis casos no estado e, este ano, até o momento, outros seis casos já foram confirmados.
“Esse número é preocupante em se tratando de uma doença que se pode prevenir por meio de vacina disponibilizada gratuitamente à população, em todos os postos de vacinação dos 167 municípios norte-rio-grandenses”, chama atenção a médica infectologista, Milena Martins, diretora do Hospital Giselda Trigueiro, unidade de referência para o tratamento dos casos de tétano no Estado, além do Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró.
A diretora alerta que o tétano é uma doença infecciosa grave que, se não for tomada a vacina a tempo, pode acarretar em um tratamento longo, com o paciente permanecendo num leito de UTI em média por 60 dias. “Além de doloroso para o paciente, que poderia ficar livre disso com uma simples vacina que custa R$ 0,57, é um tratamento oneroso para o Estado que gasta em torno de 20 a 30 mil reais com cada paciente internado”.
É o caso de um paciente de 64 anos, que há dois dias foi transferido de Mossoró para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Giselda Trigueiro, em Natal. Internado em estado gravíssimo, o paciente está traqueostomizado, em ventilação mecânica, podendo ficar em torno de 30 dias na UTI, e podendo chegar até dois meses de internação no hospital. Trabalhando na atividade de caçador, o paciente foi vítima de uma perfuração de madeira que ocasionou o tétano.

VACINA FÁCIL E GRATUITA
Ação barata para o Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina está à disposição da população, a partir dos dois meses de vida, de forma gratuita nos postos de vacinação. Já a imunização básica contra o tétano consiste na aplicação de três doses, com intervalo de dois meses entre a primeira e a segunda; já a terceira dose, com intervalo de seis a doze meses após a segunda. No esquema de vacinação, as crianças até cinco anos devem receber a vacina tríplice contra tétano e, a partir dessa idade, a vacina dupla (contra difteria e tétano) que também é recomendada para os adultos e pode ser obtida em qualquer posto de saúde. Uma dose de reforço deve ser tomada a cada dez anos para garantir a proteção contra a doença.
Com relação às gestantes, o esquema de vacinação compreende a aplicação de duas doses, a partir do quarto mês de gestação, com intervalo de dois meses entre as mesmas. Para proteção adequada da mãe e prevenção do tétano neonatal em gestação futura, é importante a aplicação de uma terceira dose, que deverá ser feita seis meses após a segunda. Quando a gestante já tiver recebido as três doses, aplicar uma dose de reforço - somente se a última tiver sido aplicada há mais de cinco anos. A revacinação deve ser realizada a cada 10 anos, ou quando houver indicação em decorrência de ferimentos. “Deve-se manter o esquema de vacinação em dia. Muitos adultos jamais tomaram a vacina dupla contra tétano e difteria e, mesmo os que já tomaram, costumam esquecer-se das doses de reforço”.
Segundo a infectologista Milena Martins, o diagnóstico do tétano sendo ágil e preciso faz toda a diferença para o paciente. Isso porque, o tempo de incubação da bactéria varia de 3 a 21 dias e, quanto menor for esse tempo, maior a gravidade e pior o prognóstico. “Por isso, depois de um corte ou acidente, é recomendado procurar imediatamente uma unidade de saúde, principalmente se vier a sentir sintomas como rigidez muscular em todo o corpo, mas principalmente no pescoço, dificuldade para abrir a boca (trismo) e engolir, riso sardônico produzido por espasmos dos músculos da face”, informou Milena.

INCIDÊNCIA DA DOENÇA NO RN
No Rio Grande do Norte, segundo Adriana Cristina Aires, técnica do Setor de Agudas e Imunopreviníveis da Sesap, as notificações de tétano acidental no período de 2007 a junho de 2013 estão distribuídas em todas as Regiões de Saúde do Estado, com predominância na zona urbana, sendo a 7ª Região (Grande Natal) a mais acometida com 27 casos, seguida da 1ª Região (São José de Mipibu) com 13 casos e a 3ª Região (João Câmara) com 12 ocorrências. Sendo a faixa etária de maior acometimento entre 55 a 64 anos, seguida pela de 35 a 44 anos. Já os casos de óbitos, a maior concentração se deu na área urbana, e com o sexo masculino, 11 casos para dois do sexo feminino. Com relação às faixas etárias, a maior incidência de óbitos ficou entre 40 a 59 anos e 70 a 79 anos.
Além da vacina, o tétano é uma doença que pode ser evitada com um simples cuidado: Limpar cuidadosamente com água e sabão todos os ferimentos para evitar a penetração da bactéria que, ao contrário do que se pensa, pode ser encontrada nos mais diversos ambientes, não apenas em pregos e cercas enferrujados. Adriana Cristina orienta que a bactéria que causa o tétano é encontrada na terra, em materiais enferrujados, fezes, galhos, arbustos, águas putrefatas e poeira das ruas.
“A contaminação pode ocorrer a qualquer momento e em qualquer lugar, daí a importância de se estar imunizado com a vacina. É importante não esquecer que o tétano é uma doença grave, às vezes, fatal, não hesite diante de sintomas e procure imediatamente uma unidade básica de saúde” – orienta Adriana.

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