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domingo, 11 de agosto de 2013

Descontrair é preciso.

Crônica de Fernando Lins

Muita eficiência.

Ao chegar em casa de porre e tentando não fazer barulho Euclides não precisou usar a chave que insistia em errar a fechadura, levemente a porta se abriu; quase não acreditou que a casa estivesse tão limpa, na verdade quase irreconhecível e olha que não fazia muito tempo que ele estava bebendo, só há três dias, ininterruptos é verdade, mas só há dois dias.

 A azáfama havia sido prodigiosa, um leve aroma de lavanda inundava todo ambiente, estranhou o silêncio e se esforçou para que o mesmo continuasse, descalçou a sapato e passo a passo,  foi até a cozinha e só aí se deu conta; era casa do vizinho.

Quase ao mesmo em que a adrenalina lhe devolvia a lucidez inabitual, escutou uns gemidos vindo do quarto do casal e logo se deu conta que precisava sair dali o mais rápido possível.

Como pode ter errado a casa? Mesmo sendo em uma vila e as cinco da matina e o pior, ou melhor, era que os gemidos não paravam, parecia “Ai seu te pego”, só que sem letra, o sortudo do vizinho casado com tremendo monumento mandando ver e ele numa enrascada daquelas, aproveitando a sinfonia erótica que emanava da alcova, deu meia volta e na ponta dos pés, como dizem, capou o gato de fininho.

Ao sair da casa sem ser notado, viu que a sorte lhe sorrira naquele arrebol matinal, não havia um pé de gente na rua e com certa facilidade entrou em sua casa. Um pandemônio!

Na sala, dormindo havia mais menino do que gente, rede pra tudo que é lado, com dificuldade chegou até seu quarto e só então a sua mulher acordou.

 - Hômi? É tu?

- Sou eu, sim.

- Três dias fora de casa, né demais não?

- Mulher, dessa vez foi a trabalho, pode ver, tô com cheirinho de bebida, mas tô ‘bom’.

Saiu pra comprar o pão e o leite e fazer uma média com a patroa, ao chegar à rua, um táxi estaciona em frente à casa do vizinho e dele desce o dito cujo, de paletó e com algumas sacolas.

De dentro da casa sai a mulher do vizinho e muito alegre vai logo dizendo:

- Bem, a fechadura da porta da frente quebrou novamente, telefonei pro chaveiro e ele já chegou pra consertar, é um rapaz muito eficiente.

E Euclides, introjeta, muito eficiente.

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