Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)
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Na linguagem do boxe, jogar a toalha significa desistir da luta, se dar por vencido. É o gesto extremo do treinador no sentido de preservar a integridade física do lutador, tentando lhe causar o menor mal possível diante do inevitável da derrota. É um ato extremamente frustrante. O lutador ainda está de pé, mas o julgamento de outrem determina que suas chances acabaram, que seu tempo se encerrou. Depoimentos de entendidos dão conta de que a renúncia do treinador causa uma frustração muito grande, um impacto muito forte no boxeador. E que ele preferiria até ser derrotado por nocaute, de que pela toalha jogada no ringue. A realidade competitiva do ringue se assemelha em muito com a dura realidade da vida. Entre trombadas, safanões, dores físicas e interiores você vai se transformando num bom ou num mal lutador – à medida que a vida desfila seus longos dias diante do tempo.
Vários exemplos de homens ilustres, através da História, vão fixando a grande diferença entre uns e outros. Entre os que, às primeiras dificuldades da vida, desistem logo, jogam a toalha, abandonando seus projetos, seus ideais. Destes a História nem se ocupa. E os vencedores, aqueles dotados de uma capacidade enorme de resistência, persistentes, perseverantes, que fazem das barreiras e obstáculos da vida combustível para seguir adiante, robustecidos interiormente para empreender a luta – e vencer. A visão lógica dos fatos tem enterrado muitos sonhos. Tem contribuído para levar para o solo estéril do improvável, do impossível, uma boa quantidade de sementes de bons projetos. O realismo do ser humano mata a sua capacidade de sonhar, de retirar de dentro de si a força necessária para seguir em frente, vencendo os obstáculos para conquistar vitórias. Um grande vencedor chamado Jesus Cristo já nos assegurava “tudo é possível ao que crê”.
Atualmente, são incontáveis os casos de pessoas que já desistiram da vida. Vivem-na pela simples circunstância de estarem vivas. Já não crêem no país, nos homens, em Deus, na família, nas engrenagens políticas e sociais – e muito menos em si mesmas. São meros cadáveres ambulantes a ocupar espaços urbanos sem se darem conta de que estão sem contribuir em nada para o bem estar de si mesmas nem das pessoas que lhe estão próximas. Por covardia medular se negam a ousar, a arriscar, a procurar – diante das dificuldades comuns a todos – o desafio salutar do bom combate, da refrega que, quando ganha, satisfaz a alma e enche o coração de alegria. O homem por natureza é um lutador, um dominador. E quando se nega essa qualidade, esse atributo, propicia uma quebra da ordem natural do seu mecanismo interior. Torna-se um estranho a si mesmo, um inimigo de si próprio, um velejador de um barco sem leme e sem vela.
O objetivo do homem é a vitória – em qualquer circunstância. Os exemplos são belos e inúmeros nesse sentido. Não que para isso tenha de fazer uso da violência, da truculência, da irracionalidade. Churchill, por exemplo, divisou a oportunidade de vitória contra os alemães em meio ao caos dos bombardeios sobre Londres. Como? Simplesmente contando os caças germânicos derrubados pelas forças antiaéreas londrinas. Pelos aviões derrubados, concluiu que Hitler não teria condições de repor tantas aeronaves fora de combate. A virada, portanto, era somente uma questão de tempo. Assim, em meio à dor generalizada, convocou uma cadeia de rádio e bradou o que para todos soou como uma enorme loucura: “a partir deste momento começamos a ganhar a guerra. Ânimo! A Inglaterra não se dobra”. Já pensou se Churchill joga a toalha?
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