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domingo, 18 de novembro de 2012

É solidão, nada mais...


Minervino Wanderley*

São duas horas de uma noite de segunda-feira. Madrugada alta. Deveria estar dormindo como um anjo à espera de uma nova semana, cheio de boas expectativas, bem disposto. Que nada! Estou desperto tal qual um soldado às vésperas de partir para uma batalha ferrenha. Mas, o que me faz ficar com os olhos e o coração acordados, é uma coisa que ainda não sei explicar. Só sinto. E como sinto!

Tristeza? É. Por quê? Não sei. Angústia? Tem. Por quê? Não sei. Saudades? Sim. De quem? Não sei. Aperto no peito? Sim. A causa? Não sei. Vontade de amar? Sim. Quem? Não sei. Arrependimentos? Sim. De que? Muitas coisas. Vontade de voltar ao passado? Sim. A que época? Não sei.

Chamam isso de sintomas de depressão. Não acho que seja. Para mim, tudo faz parte das nossas vidas. Principalmente nas daqueles que se metem a entender esse enigma que ela - a vida - é. Sei que os que agora dormem não sentem essas coisas. Ou são alienados – por opção ou não – ou, ainda, simplesmente são felizes.

Inveja? Sinto. De quem? Desses dois tipos de pessoas. De que custava dividir um pouco disso tudo com comigo? Só um pouquinho, nada mais. Pois é. Na ausência dessa partilha, busco nesse aperto do coração um "olho de lágrimas", igualzinho aos olhos d’água que a gente encontra mato adentro. Talvez uma enxurrada de lágrimas  aliviasse. Assim pensei e assim tentei. Mas, a aridez interna, com sua força, esvaziou esse manancial. Tudo seco como secas estão as terras do sertão. Açude vazio. Cisterna que não tem água. Só poeira e terra batida. Tudo em preto e branco. Perfeito para Sebastião Salgado.

Sinceramente, nunca pensei em ficar assim. Sempre sonhei que a vida era colorida e cheia de coisas boas. Nem as pancadas que o mundo deu fizeram-me ficar assim. Por isso, questiono esses sentimentos.

Tenho, com consciência, um bocado de coisas que fariam qualquer cristão feliz. Vejam: sou uma pessoa fisicamente saudável. Fiz algumas cirurgias, é bem verdade, mas por praticar uma das coisas que gosto que é jogar futebol. Não sou bonito, mas namorei mulheres de A a Z. Amei e fui amado. Abandonei e fui abandonado. Gargalhei e me derramei em prantos. Um cara pleno de sentimentos.

Nesse momento, olho para a cama e ela está vazia. Não há um carinho e um corpo quente e desejoso a me esperar. Por falar em esperar, ESPERE AÍ! Nessa busca por razões, acredito, com temor, que descobri a causa dessa insistente dor na alma. Se estou certo, essa sensação provém de uma palavra que faz gelar o mais brabo dos homens e tremer a mais fria das mulheres. Inquestionável e que leva o ser humano a procurar seus semelhantes em busca de ajuda.

Essa tal palavra faz com que se repense os passos dados e, inconscientemente, foge dela como o diabo da cruz, tamanhas são as oportunidades dadas por Êle para que ela fique guardada dentro dos dicionários e procuremos o caminho certo.

Nunca fui bom nisso. A impulsividade sempre foi o veículo que me moveu na vida. Conselhos, conversas, demonstrações de companheirismo não foram suficientes para que eu guardasse a distância entre nós dois.

Mas, agora, sinto que ela teima em ficar comigo. Quer dormir comigo, trabalhar comigo e viver ao meu lado tal qual um esparadrapo que foi posto em cima de nosso pelos para cobrir uma ferida. Tirar dói. Tem que ser de uma vez. Continuo sem inspiração para tirá-lo.

No fundo, é um sentimento que, nós, sempre acostumados a ter alguém ao lado, quando nos sentimos solitários sentimos: É SOLIDÃO. Nada mais...

* Jornalista

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