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domingo, 18 de novembro de 2012

CADÊ A TURMA QUE CHUTAVA BUMBUM DE EXECUTIVOS?


Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)
 
                        Quando o governo federal adotou o modelo pelo qual os serviços públicos poderiam ser operados por empresas privadas, o Brasil respirou aliviado – e esperançoso. Afinal, todos veríamos, sendo encaminhadas para aposentadoria e para extinção, estatais de estruturas pesadas, arcaicas, bolorentas e vergadas sob o manto da corrução, do empreguismo, da ineficiência. De início, a oposição no Congresso – e grande parte da planta sindical – se posicionaram contra as medidas, taxando-as de “entrega do patrimônio nacional a grupos empresariais por preço vil”. De fato, algumas empresas foram negociadas a preço bem abaixo do valor que a facção contrária apregoava, embora se deva levar em conta que, com o governo de caixa vazio para destravar os graves gargalos de infraestrutura que o país acumulava há décadas, talvez o melhor modelo, àquelas alturas, fosse mesmo o que foi adotado.

                        Sem querer puxar pelo saudosismo, mas apenas para registro histórico, nos lembremos das cenas de protestos promovidas por largas parcelas da ala mais radical da esquerda partidária e sindical, durante os leilões nas bolsas de valores, chegando tais grupos ao exagero de agredir executivos que se dirigiam aos locais dos leilões. Em parte, os protestos, tirados os exageros, tinham sua razão de ser, embora fossem afogados pelo governo com as promessas de que, “em mãos da iniciativa privada, os serviços públicos passariam por grandes melhorias, alçando o Brasil ao patamar das nações mais desenvolvidas do mundo no âmbito da telefonia, da energia elétrica, das estradas, do sistema bancário, da exploração petrolífera”, etc, etc. Assim, de forma até nostálgica, vimos sumir do mapa siglas do porte da Telebrás, enquanto outras passaram à iniciativa privada, mesmo continuando com nomes e marcas.  
                     
                       Nos primeiros anos de operação do novo modelo o salto foi espantoso, principalmente no campo das telecomunicações. Os telefones fixos passaram a funcionar, tiveram o uso universalizado e anexaram ao sistema grande parte da população desassistida. O celular, antes em mãos da classe A, foi popularizado e hoje serve a quase cem por cento dos brasileiros. Se no início o cenário foi azul, hoje a realidade é diferente. O brasileiro sofre com a qualidade dos serviços de telefonia, com a falta de qualidade e de cumprimento de metas nas áreas aeroportuária, hospitalar, educacional, estrutural, sem contar as patuscadas das estatais que sobreviveram, das quais a grande estrela é o Correio. Rara é a fatura que você recebe pelo Correio que não esteja com a data de pagamento já vencida. O brasileiro, de tanto pagar multas por atraso de pagamento, já vê no Correio um novo imposto – entre tantos.
                     
                     E na área privada? O serviço também está ruim. Rara é a ligação feita de um celular que não apresente problemas; rara é a vez da pessoa na outra linha ouvir em condições audíveis; rara é a chamada ir até o fim; enfim, rara é a vez que a prestação de um serviço público no Brasil, operado por quem quer que seja, alcance níveis razoáveis de qualidade. Sem falar nas constantes faltas de energia; nos apagões de várias horas; nas desculpas esfarrapadas das autoridades; nos inquéritos que nunca chegam à conclusão nenhuma (muito menos que beneficiem o consumidor). Falando nisso, cadê a turma que chutava bumbum de executivos em frente às bolsas de valores? À parte a agressão física, está na hora de voltar a protestar! Afinal, o motivo é justo! Cadê a qualidade prometida? Cadê as metas prometidas? Cadê as autoridades responsáveis? Alô, alô, turma que chutava bumbum de executivos? Alôôôôôôôôô!!!

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