Espaço jornalístico dedicado à política e notícias diversas da Grande Natal

sábado, 22 de setembro de 2012

PORQUE OS MARGINAIS NUNCA VENCEM


 Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com.)
 
                        A onda de violência que antes nos provocava espanto, algumas vezes até comoção, hoje praticamente não nos agride mais. De tanto se ver banalizada, tornada comum pela sua intensa rotatividade, já não causa mais impacto como antes. As exceções são raríssimas e já se perderam na poeira de nossas lembranças. Quando falo em violência não me refiro apenas àquela praticada por marginais que roubam, assaltam, seqüestram e matam. Enquadro também nessa seara os bandidos em todas as tonalidades: políticos, funcionários públicos, policiais, magistrados... Enfim, tudo aquilo que se costuma designar de “a máquina do estado”, necessária à nossa vida como seres civilizados, porém, juntamente com marginais e meliantes os mais diversos, causadora de inúmeras dores de cabeça a nós, que dela dependemos, pelo viés da corrução, do desserviço, do desvio de conduta, da mais cínica desonestidade.
                        Impressiona – e, pelo que se observa, contagia em assombrosa velocidade – a prosperidade, o bom desempenho da atividade criminosa no Brasil. E o pior é a constatação a que se chega: que o aparelho estatal de combate ao crime não vem dando conta de sua missão de reprimir este pavoroso estado de coisas. Ao contrário. Tanto do ponto de vista da logística (os marginais já estão bem mais armados e instrumentalizados do que a polícia, com exceção em uma região ou outra) quanto da eficiente infiltração do banditismo no aparelho do estado, através de suas numerosas vertentes. Isso acontece nas barbas das autoridades ditas competentes e em todos os escalões da vida pública brasileira – afinal, Correios, Caixa Econômica, Polícias, BNDES, Casa Civil, Congresso Nacional não nos deixam dúvidas. Aliado a tudo isso um clima de impunidade de fazer inveja ao mais ensaboado dos mafiosos.
                        Assim, no geral, a alma do brasileiro está sufocada num perigoso contexto de desalento, de inércia, de silenciosa resignação. Entretanto, será possível, apesar de tudo, alguma mudança, alguma perspectiva de melhora, pelo menos algum paliativo que nos devolva a esperança? Algo, enfim, que nos venha tirar desse estado de degradação? Sim, degradação. Políticos roubam e nada lhes acontece; perigosos marginais são livres pelas facilidades da legislação e pela incúria da Justiça, voltando a praticar horrores; funcionários públicos são flagrados recebendo propina, dinheiro vivo à mão, e são defendidos pelas maiores autoridades do país... Com que termo, então, se nomina tal fenômeno? Degradação é o que me ocorre. Afrouxamento de princípios, relativização de valores, adulteração de normas e entronização do império da vantagem – buscada e cultivada a todo custo. Sim, que nome se dá a isso?
                        De repente, um fiapo de idéia me ocorre, um leve pensar, uma breve sensação de conforto. Pela constatação de que, apesar de tudo, os marginais e os corrutos jamais vencerão. É questão numérica. Vejam: as residências são tantas que eles jamais darão conta de arrombar todas; a merenda escolar tem tonelagem tão grande que nunca será totalmente desviada; os jovens são tão numerosos que os traficantes nunca conseguirão drogá-los totalmente; os carros são tantos que os ladrões nunca conseguirão puxar todos; a população é tão numerosa que nunca será seqüestrada e/ou assaltada em sua totalidade; as repartições públicas são tantas que nunca serão totalmente corrompidas; o orçamento público, de tão gigantesco, mesmo sendo sistematicamente assaltado, nunca será zerado; Ah, grande consolo... Isso lá é idéia, cara pálida. Ah, Brasil... Cadê as autoridades? Auuutoooriiidaaadeeeees!!!

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