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sábado, 10 de maio de 2014

PARECE SER MAIS PRUDENTE CALAR O BICO. OU NÃO?















Por Flávio Rezende*

         Hoje, 1º de maio,  é feriado no Brasil e estou curtindo preguiça em família, com a pequena Mel aperreando a mais nova componente da casa, uma cadelinha chamada Chica Linda Donzela, enquanto Gabriel festeja a formatura da mãe.
         Nesta preguiça ociosa ou até criativa, tenho um tempinho para ler umas coisas e outras do mundo virtual. Um dos textos foi de um crítico de TV, baixando o pau no programa de Regina Casé, dizendo que o mesmo é racista, pois só mostra negros e pardos e que eles só aparecem de maneira estereotipada e que essa exposição leva o telespectador da periferia a achar legal usar shortinhos curtos, óculos espelhados, entre outros babados citados.  
         Se tiver tempo volto para ver os comentários no futuro e certamente, muitos vão defender o programa, dizendo que é dos poucos espaços para estes seres que gostam destas coisas e que a periferia nunca tem vez e que quando tem, aparece alguém para achar ruim e coisa e tal.
         O que quero dizer neste meu “escrito” é que todos que se expõem na mídia em geral, emitindo opinião, correm o risco de contestação e até de linchamento moral, sendo este fato absolutamente aceitável, só tirando alguns excessos cometidos por radicais de áreas religiosas, políticas, futebolísticas, raciais, educacionais, enfim, de quase todos os setores da sociedade.
         Diante do intenso e generalizado patrulhamento ideológico e das reações muito agressivas de ambos os lados em todos os ângulos das discussões atuais, confesso que às vezes dá vontade de não escrever mais assuntos polêmicos e nem ficar postando minhas opiniões nas mídias sociais.
         Ao mesmo tempo em que é prazeroso o diálogo fraterno e o confronto sadio dos argumentos, às vezes é cansativo, pois quase ninguém muda de posição ou aceita um milímetro do pensamento alheio, tornando os fóruns mais ringues que escolas.
         Lembro ainda o fato de que a verdade não é absoluta, ela é relativa e camaleônica, pois se não temos certeza de quase nada e no decorrer de nossa existência terrena muitas coisas mudaram em todas as áreas, quem arrisca seguir a risca, o que seja?
         Encerro reproduzindo uma mensagem do educador e mestre espiritual indiano Sathya Sai Baba, que diz: “Não entrem em discussões e disputas; aquele que clama em voz alta não compreendeu a verdade, acreditem! O silêncio é a única linguagem do realizado. Pratiquem moderação no discurso; isso os ajudará de muitas maneiras. Isso desenvolverá Prema (amor), pois a maioria dos mal-entendidos e facções surge de palavras faladas descuidadamente. Quando o pé escorrega, a ferida pode ser curada; mas quando a língua escorrega, a ferida provocada no coração do outro se inflamará por toda vida. A língua é susceptível a quatro grandes erros: proferir falsidade, escandalizar, encontrar defeitos nos outros e conversa excessiva. Estes devem ser evitados para se haver paz para o indivíduo e a sociedade. O vínculo de fraternidade será mais estreito se as pessoas falarem menos e docemente. É por isso que o silêncio (Mounam) foi prescrito pelas escrituras como um voto aos aspirantes espirituais. Como aspirantes espirituais em vários estágios de estrada, esta disciplina lhes será muito valiosa.”
         Diante de algumas reações muito ásperas e de alguns problemas pessoais que estou tendo por expor posições políticas, principalmente no campo da obtenção de apoios que antes tinha para coisas que tento continuar fazendo, começo a refletir sobre a importância do silêncio, mas ao mesmo tempo não suporto o teclado parado, a tela vazia, o texto morto, por isso serei dúbio, às vezes me expressarei, às vezes me calarei, seguindo
William James, "o exercício do silêncio é tão importante quanto à prática da palavra", afinal Sêneca já dizia, “ do homem eminente podemos aprender, mesmo quando se mantém em silêncio. "

·        * É escritor, jornalista e ativista social em Natal /RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

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