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sábado, 21 de março de 2015

SANGRANDO A VACA


Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)                                 

                 É bastante conhecida a expressão “sangrar a vaca” no sentido de se aproveitar, de se levar vantagem, de se dar bem. Ao longo do tempo, a expressão se adaptou ao formato “sangrar fulano”, como demonstração de que alguém encontrou em um desavisado a maneira de ganhar a vida com pouco esforço. Tudo isso em razão da importância histórica que o animal representou e representa na vida do homem -  e também pelo fato de que sangue é vida. Na África, por exemplo, até recentemente, tribos inteiras enfrentavam os piores períodos de seca mantendo um rebanho bovino que, regularmente, era sangrado (sem pôr os animais em risco de morte) para a obtenção dos elementos vitais à sobrevivência do grupo. Também se impõe a importância do animal como elemento econômico a ponto de se afirmar que “da vaca só se perde o berro”. Enfim, o que a vaca produz tem relevância para a humanidade.
                        Para se ter uma ideia, por mais sofisticado que seja o ambiente, sempre haverá, ali, a presença da vaca, na forma de queijos, iogurtes, manteigas, couro nos móveis, etc., etc. Aliás, leilões de animais bovinos são realizados atualmente nos ambientes mais refinados em função da importância econômica que a atividade atingiu. Assim, adequando-se a história da vaca, em relação à humanidade, à importância que a Petrobras alcançou para o Brasil, se conclui ter sido a petroleira uma vaca de compleição excelente, digna de ser comparada aos mais extraordinários PO da raça bovina (animais puros de origem, de desempenho produtivo muito acima da média, portanto, de excelência comprovada). Olhando-se para a Petrobras ao longo do tempo, analisando-se o papel que desempenhou para o desenvolvimento industrial brasileiro, pode-se afirmar: “que vaca magnífica, que animal excepcional!”  
                        Agora, diante do assombroso assalto que uma quadrilha cometeu à empresa, talvez a ponto de leva-la à morte, cabe uma observação até singela: tais bandidos não aprenderam com as tribos africanas a maneira de sangrar a vaca sem encaminhá-la à exaustão. Pois as cifras saqueadas da Petrobras revelam-se de monta tão assustadoramente altas que é como se o sangue do seu corpo fosse retirado até a última gota. O processo de aniquilamento ao qual a Petrobras foi destinada tem dimensão tão grande que não dá para imaginar. E dá. Fora os enormes prejuízos causados às inúmeras empresas que lhe são fornecedoras – e, por extensão, à economia brasileira como um todo – ainda resta o incalculável perigo da empresa ser condenada pela justiça americana, fato que poderá lhe acarretar multas que irão variar do estonteante patamar de três a trinta e três bilhões de dólares! Haja sangue...
                        E pior ainda pode ficar. Em caso de condenação nos Estados Unidos, a Petrobras corre o risco de ser declarada inidônea pelo Banco Mundial, tornando-se um pária no mercado internacional – principalmente no de crédito. E ainda pode ficar pior. Caso a petroleira não tenha condições de pagar a multa, seu sócio principal terá que bancar a conta para não vê-la soçobrar de vez. E quem é o maior sócio? O governo brasileiro. Que, caso a questão chegue a esse ponto, terá de retirar a estratosférica quantia dos cofres públicos, recursos destinados à educação, à segurança, à saúde... E ainda pode ficar pior. Terá o governo brasileiro destinado no Orçamento Anual dinheiro para tal fim? Diante de cenário tão tenebroso para a Petrobras, e para o país por extensão, teria sido muito mais vantajoso mandar os ladrões da Petrobras a África aprenderem a tirar sangue da vaca sem mandá-la para o beleléu. Moooooonnnnn...   

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