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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

William Bonner reage a agressividade virtual e desabafa


Ainda na segunda-feira, após a entrevista do candidato do PSDB, Aécio Neves, ao Jornal Nacional, uma avalanche de xingamentos e verborragia conspiratória baixou nas redes sociais. Houve quem interpretasse as perguntas incisivas, feitas por William Bonner e Patrícia Poeta, como algo agressivo, o que definitivamente não ocorreu.

Na terça,  o mesmo tom incisivo foi usado na entrevista com Eduardo Campos, do PSB, em tom jornalístico e cortês.

Ontem, a morte de Campos motivou todo tipo de manifestação nas redes sociais, em especial no Twitter, com teor político que instigou barracos virtuais e troca de ofensas sem precedentes.

Em seu programa na Globo, pela manhã, Fátima Bernardes criticou o teor agressivo criado a partir da tragédia. Disse que é de um tempo em que, mesmo se não gostasse de seu vizinho, jamais bateria em sua porta para dizer que não gostava dele. E admitiu ter eliminado muita gente de sua lista de relações nas redes sociais, por não concordar com a postura delas.

Mais tarde, foi a vez de Bonner postar em seu perfil no Instagram um desabafo sobre o uso da internet para desfilar agressividade. Enquanto aguardava teto para voar de Brasília para o Rio, com Poeta, o editor-chefe e âncora do JN postou o seguinte:

“Enquanto aguardamos que o tempo nos permita decolar, vejo com espanto como as paixões eleitorais momentâneas podem alimentar a intolerância de um tipo de eleitor que se considera suficientemente informado sobre os candidatos – e que nega às outras pessoas o direito de se informar. É aquele que não quer saber mais nada. Não quer ouvir explicação sobre nenhuma questão polêmica. E é um direito dele. O problema é quando não quer que ninguém mais tome conhecimento daquelas questões. E, por isso, insulta quem pensa de forma diferente, insulta quem cobra aquelas explicações de candidatos a cargos públicos. Isso se chama obscurantismo. Tenho 30 anos de profissão e me orgulho de ter entrevistado candidatos à presidência do Brasil em 2002, em 2006, em 2010 e neste ano. Em todas as entrevistas, fiz e farei as perguntas que os candidatos prefeririam não ter que ouvir. Assuntos que lhes são desconfortáveis, incômodos. Assuntos que eles não abordam na propaganda eleitoral, obviamente. São assuntos de interesse jornalístico, são assuntos que o eleitor deve conhecer. Todos os candidatos que entrevistei, sem nenhuma exceção, sabiam que era papel deles prestar esses esclarecimentos – e que era meu papel cobrar as explicações. E isso sempre foi feito, de ambas as partes, de forma cordial, serena, respeitosa. Sempre. É esse respeito que falta aos que usam o espaço de comentários de uma foto para insultar, agredir, praguejar contra o conteúdo eminentemente jornalístico de uma entrevista. Insultam não só a mim, como entrevistador, mas a todos os demais eleitores que desejam ser informados sobre as questões polêmicas de todos os candidatos, sejam quem forem. Essa intolerância eu faço questão de deixar registrada nos comentários. Alguma utilidade terá pra quem quiser analisar os frequentadores desse ambiente encantador e agressivo, enriquecedor e mesquinho, democrático e sectário que é a internet.”

Do Blog de CRISTINA PADIGLIONE – Estadão

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