Espaço jornalístico dedicado à política e notícias diversas da Grande Natal

quarta-feira, 29 de abril de 2015

QUEREMOS DESENVOLVIMENTO


Klauss Rêgo
Prefeito de Extremoz

Ontem, 28 de abril, fui entrevistado pelo jornalista Luiz Almir, às 12h30, na Band, sobre o desejo do Governo do Estado em construir um presídio e um CEDUC em Ceará-Mirim, durante o programa Nordeste Urgente. Almir iniciou o programa dizendo que a “Região Norte estava em Pânico” com essa possibilidade.

Pessoalmente fiquei impressionado durante a Audiência Pública ocorrida dia 27 na Assembleia Legislativa com o comportamento dos representantes do Governo do Estado que se mostraram intransigentes a respeito do repúdio a construção de tal presídio por onze prefeitos da região.

Até hoje o Governo do Estado não nos consultou (refiro-me aos prefeitos da região) a respeito desse presídio. O recurso que fizemos por meio da Nota de Repúdio está aí. Não podemos penalizar nossa região. O tempo é escasso, mas não temos nada com isso.

Estamos em pleno desenvolvimento. Temos um aeroporto internacional, mas precisamos de urbanização e acessos. Não precisamos de um presídio.

Uma terceira ponte está prometida para melhorar os acessos de nossa região. Um presídio não combina com desenvolvimento em área turística. 

O deputado estadual Gustavo Fernandes prometeu durante a Audiência Pública conversar com o governador Robinson Farias. Ele entendeu que fomos eleitos pelo povo e que temos que escutar o povo, inclusive em consonância com os nossos deputados federais e senadores, que estão unidos.

Aliás, o terreno para construção deste presídio não existe mais. O prefeito de Ceará-Mirim, Antonio Peixoto cancelou a cessão, publicada em Diário Oficial. Teremos, sem dúvida, uma peleja jurídica.


Era melhor o governo procurar outro local, fora da área metropolitana de Natal, muito povoada. Não estamos fazendo política partidária. Estamos lutando porque o povo não quer um presídio. Queremos, sim, a conclusão do Pró-Transporte, que está parado e um Centro de Convenções. Nossa região é turística e nós queremos desenvolve-la cada vez mais.

Fotos: LeoSodré










terça-feira, 28 de abril de 2015

Assembleia Legislativa realiza Audiência Pública para discutir construção de presídio em Ceará-Mirim


“Nossos municípios já são penalizados com a falta de ações governamentais que promovam o desenvolvimento dessas cidades, que já apresentam índices de desenvolvimento inferiores às que formam a parte sul da Região Metropolitana. As populações dessa área sofrem com a falta de infraestrutura e de atividades econômicas que lhes garantam ocupação e renda. A gravidade do sistema prisional é m maior do que a capacidade de resolução do governo. Então, como acreditar que um presídio não trás insegurança?” (Klauss Rêgo, prefeito de Extremoz)

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, por propositura do deputado Gustavo Fernandes, promoveu na tarde desta segunda-feira, 27, uma Audiência Pública para discutir a construção de uma penitenciária masculina para 603 presos e um CEDUC para menores infratores no município de Ceará-Mirim.

A audiência foi motivada por uma Nota de Repúdio assinada por onze prefeitos da região: Antônio Marcos de Abreu Peixoto (Ceará-Mirim), Klauss Francisco Torquato Rêgo (Extremoz), Ariosvaldo Bandeira Júnior (Taipu), Jose Maurício Menezes Filho (Poço Branco), Maria Ivoneide da Silva (Maxaranguape), Jaime Calado Pereira dos Santos (São Gonçalo do Amarante), Bruno Patriota Medeiros (Ielmo Marinho), Ney Rocha Leite (Touros), Maria de Fátima Tertuliano Dantas Neri (São Miguel do Gostoso), Laerte Ney Paiva Fagundes (Rio do Fogo) e Maria a Conceição da Costa Fonseca (Pureza).

Na Nota de Repúdio, entre outros argumentos, os prefeitos escreveram: “A ideia de construir um presídio masculino em Ceará-Mirim, para 603 presos, vai de encontro à lógica desenvolvimentista que se espera do Governo do Estado em relação a todos os municípios da Grande Natal, que lutam para atrair mais turistas e mais investimentos”.

Preocupação

 O deputado Gustavo Fernandes, propositor da audiência, disse que a situação prisional é preocupante e que o mesmo erro não deveria ser cometido em Ceará-Mirim. “O presídio deve ser construído em região inóspita, em alguma fronteira”, enfatizou. “A construção de um presídio nesta região turística é um verdadeiro Presente de Grego”, completou, ressalvando que não existia na questão nenhuma provocação política e que o Governo do Estado deveria discutir o assunto com a população da região.

O presidente da ALRN tomou uma posição de neutralidade. “Precisamos de uma visão maior. A crise do sistema carcerário é nacional, de muitos anos e temos que entender as colocações do governo e dos prefeitos. Precisamos encontrar um bom termo. Não defendo nenhum lugar; defendo que seja construído”, concluiu.

Cibele Benevides Guedes, promotora e presidente do Conselho Penitenciário defendeu o desejo do Governo do Estado em construir o presídio em Ceará-Mirim. Elencou as várias devoluções de verbas federais de penitenciárias que não foram construídas, que chega a 24 milhões de reais. “A situação é caótica e não há como parar o pouco que foi feito. O Estado abriu mão de vários recursos, inclusive o da Cadeia Pública de Ceará-Mirim”, lembrou. “Depois de Alcaçuz, nada foi feito”, disse.

Má fé

O prefeito de Ceará-Mirim, Antonio Peixoto, disse que o Governo do Estado havia solicitado em 2008 uma área para construir uma Cadeia Pública, que foi concedido. “Em 2010 ofertamos um novo terreno, mais afastado da cidade. A decisão de construir um presídio para 603 presos é de má fé”, enfatizou Peixoto, dizendo que o município de Ceará-Mirim já tinha dado uma contribuição para a Região Metropolitana de Natal com a construção do Aterro Sanitário. “Ceará-Mirim não tem bônus, somente ônus. Precisamos de desenvolvimento, de indústrias e não de presídio”, encerrou.

O juiz da Vara de Execuções Penais, Henrique Baltazar, disse que o projeto do presídio era muito bom. “Presídio não é para ter fugas”, ressaltou. Depois, disse justificando a escolha de Ceará-Mirim, que o Estado tem terrenos, mas não tem documentos. “Foram achar em Ceará-Mirim e se o presídio não for construído os recursos de quase 15 milhões de reais serão devolvidos”, completou o juiz sem fazer referência aos inúmeros estados de insegurança após as fugas em massa e recentes do presídio de Alcaçuz.

O deputado Gustavo Carvalho se colocou contrário à construção da unidade prisional em Ceará-Mirim. “Não é razoável a construção de um presídio numa região turística, próximo a um aeroporto internacional. Uma região populosa. Não podemos aplaudir a letargia do Governo do Estado com relação ao sistema prisional”, disse.

A secretária de Segurança, Kallina Leite, disse que o sistema prisional vem sendo mal administrado há anos. “Ou constrói o presídio ou devolve o dinheiro”, disse. “É impossível trocar de lugar e o município foi parceiro até pouco tempo”, concluiu dando a entender que a Audiência Pública foi motivada por questões políticas.

Alternativa

O deputado Kelps Lima acusou o Governo do Estado de não ter uma solução alternativa. “A crise é antiga, a questão está em cima da hora devido ao prazo do Governo Federal e o Governo do Estado deveria criar um grupo de trabalho para solucionar a questão. Existe tempo para isso”, enfatizou o deputado.

O presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Marcos Dionísio, acha que não seria coisa do outro mundo construir em Ceará-Mirim. “Não sei se é o melhor local, como também não sei se há condição de repactuar uma nova área. É preciso um choque de gestão e a não abertura de um novo presídio será ruim, seja aonde for”, avaliou concluindo.

O secretário de Justiça e Cidadania, Edilson França, iniciou suas palavras dizendo que apreciava a discussão democrática. “O sistema prisional nos mete medo”, disse, sendo interrompido por vaias de populares. “A socialização deve ser uma meta de governo”, continuou. Depois lamentou o fato de o Brasil estar distante dos países mais civilizados, onde, segundo ele, as populações brigam para terem presídios em suas cidades. Sempre interrompido por palavras de ordem, o secretário disse que a construção do presídio em Ceará-Mirim era irremediável. Após se irritar com as interrupções de populares o secretário Edilson França se retirou do plenário. “Recuso-me a debater o assunto com pessoas mal educadas. O processo transita normalmente em meu gabinete. Não vim aqui discutir com o povo porque a questão está resolvida”, encerrou, de forma intransigente.

Desenvolvimento

O prefeito de Extremoz, Klauss Rêgo, último orador inscrito, foi enfático na sua fala dizendo que nenhum dos prefeitos que assinaram a Nota de Repúdio é contra a construção de presídio. Apenas não querem que seja construído em uma região turística em franco desenvolvimento. “Já sofremos muito quando existia a penitenciária João Chaves. Nossa região era decadente e não será fácil (dirigindo-se ao secretário Edilson França) chegar ao ponto que o senhor quer”, disse o prefeito.

“Conseguimos com muita luta o Aeroporto Internacional Aluízio Alves, de São Gonçalo e o desenvolvimento da nossa região turística está acontecendo. O térreo para a Cadeia Pública foi cedido pela Prefeitura de Ceará-Mirim e não queremos um presídio na região. Pelo que já passamos sabemos o que vai acontecer caso esse presídio seja construído. Não foi a toa que nós, onze prefeitos, assinamos uma Nota de Repúdio. O Governo do Estado jamais nos chamou para conversar, para combinar inclusive um apoio nosso em Brasília para repactuar o convênio federal.”, lembrou Klauss.

“O secretário Edilson França referiu-se a construção inadequada de Alcaçuz em terreno de duna, que facilita escavações. Pois bem, o terreno onde o governo que construir em Ceará-Mirim é arenoso e fácil de cavar”, revelou o prefeito de Extremoz. “Não vamos admitir isso. Queremos urbanização de nossas praias, um centro de convenções e melhores acessos para uma região turística mundialmente conhecida”, cobrou Klauss.  “Batemos palmas ao governador Robinson quando reduziu o preço do combustível de avião para fomentar o turismo. Agora queremos que ele cumpra sua promessa de campanha de não construir presídio em nossa região", concluiu o prefeito. (LS).

Fotos: Denis Cleber





















Extremoz recebe Fórum de Segurança Pública


A plataforma de Observação do CIOSP foi Instalada Defronte um parágrafo Visitação Câmara Municipal

A Câmara Municipal de Extremoz sediou Neste sábado, 25, o 1º Fórum de Segurança Pública do Município das 08h Às 17h. A propositura foi fazer presidente da Casa, vereador Joaz Oliveira. O evento Contou com o Apoio da Prefeitura de Extremoz, Policia Militar do Estado - atraves do Comando Municipal -, Secretaria Estadual de Segurança Pública (Coordenação de Informações, Estatísticas e Análises Criminais), Corpo de Bombeiros (Comando Geral do RN) e Assembleia Legislativa do Estado.

Estiveram PRESENTES OS vereadores Joaz Oliveira, Fábio Vicente, Leila Cristina, Jaeusdes Xavier, Francisca Lúcia Ramalho e Cleyton Saint'clair. REPRESENTANDO a Prefeitura Municipal, o Coordenador de Segurança Pública do Município, Carlos Jener Rezende, Que fez explanações Sobre o evento.

O Fórum also Contou com a Participação do Deputado Federal Rafael Mota that Trouxe Mensagem de Apoio à causa. Dezenas de populares prestigiaram o evento.

Debate

O Fórum Contou com o debate do Comandante Geral do Corpo de Bombeiros do RN, coronel Otho Souza, Coordenador de Informações e Análises Criminais da SESED, Ivenio Hermes, major da Polícia Militar (CIPRED), Arthur, Chefe do CIOSP, major Carlos Kleber Macedo , coordenadora pedagógica da Escola do Governo, professora Leila Rodrigues, representante do Setor de Comunicação da CPRED, tenente Romão Inácio e do Comandante da Polícia Militar de Extremoz, tenente Silva Júnior.

O fórum FOI EM DUAS ETAPAS Dividido, Pela Manhã ocorreu ciclo de debates eA tarde Participação dos vereadores, Palestras, Indicações FINAIS e visita uma Unidade Móvel de plataforma de Observação do CIOSP.

O mediador do Fórum não turno da tarde, REPRESENTANDO a chefia do CIOSP, foi Francisco Reginário that sugeriu a Criação fazer GGIM - O município TEM that CRIAR Uma Política Sustentável parágrafo Fazer a Manutenção do Fórum. Outra Medida seria um municipal Nível de Criação do Núcleo de Resolução de Conflitos e efetivação do Programa Proerd. O município de Extremoz SERA O Primeiro a executar o Projeto "Segurança Comunitária".

Informações Gilmara Costa
Fotos: Denis Cléber e Novinho
















sábado, 25 de abril de 2015

QUAL O CUSTO DO 5º DEDO?


Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)

                                   Muito se tem falado atualmente a respeito de custo. É custo a respeito de tudo. Tudo tem seu custo. É custo pra lá, é custo pra cá, numa neurose que não acaba mais. Tinha um custo, muito famoso por sinal, que até saiu de cena: o Custo Brasil. Falava-se nele a todo momento. Os entendidos nesses mistérios, entre os quais economistas, parlamentares, sociólogos, jornalistas, entre outros, enchiam páginas e mais páginas de jornal e revistas debulhando para nós o tão decantado custo. Agora, ao que parece, está meio fora de moda (Ou voltará à ribalta em função do estouro da inflação?) Pois é, tudo tem um custo. Olhando essas coisas todas e de tanto ver a mão de Lula sem o quinto dedo, comecei a imaginar o custo para o Brasil do dedo que falta na mão do nosso ex-presidente.  Sabe-se que o ex-metalúrgico perdeu o seu dedo numa prensa – uma máquina industrial. Imagine a dor. Imagine que pensamentos afloraram a sua mente naquele instante.
                        Certamente que o operário foi prontamente atendido e levado até a um hospital. No leito hospitalar, ou quem sabe na própria residência, depois das visitas, depois que o silêncio se fez, quais pensamentos acorreram àquele – até então – insignificante operário? Poucos têm parado para pensar a respeito desse momento. Mas é importante se indagar. O que aconteceu ali, Lula sozinho, com a sua dor, um sentimento de impotência enorme a lhe invadir o peito? Ódio, mágoa, rancor, desilusão, decepção, frustração? Ou uma nova tomada de posição, uma nova postura frente ao momento doloroso que estava vivendo? A intensidade da dor era maior na carne ou na alma? Como encarar a vida de metalúrgico sem um dedo? Ficaria desempregado? Como aceitar e administrar essa nova realidade? Pensamentos, mil pensamentos. Diz o ditado popular “que o gato, de tanto ser perseguido pelo cachorro, e se vendo sem saída, termina atacando seu agressor”.
                        Daí será que dá para concluir que Lula – na qualidade de “operário espoliado e explorado pelas elites” – decidiu então atacar? A verdade é que a sua vida não foi mais a mesma. Aquele dedo faltoso, com certeza, começou a incomodar. Suponho até que gerando em sua mente novos planos. Postura inteiramente nova. Será? Mas voltemos a falar a respeito do assunto principal desse papo. O que tem a ver o tal dedo que Lula não tem com essa conversa sobre custo. Com uma grande aceitação popular e um impactante reconhecimento internacional, com as pesquisas sobre sua popularidade, à época, lhe alçando a mais de 83% de aceitação, poucas, acredito mesmo que pouquíssimas pessoas no Brasil estariam preocupadas, àquele tempo, a respeito de quanto isso tudo nos custaria. Um ex-operário assumiu a presidência da república e quanto teremos de pagar por isso? A imprensa estrangeira – principalmente a europeia – se babava de orgulho.
                        Os líderes políticos – principalmente os de esquerda – se rejubilavam diante de uma nova experiência socialista na América Latina. Avante, companheiro! Mas não é no quintal deles que a subida da cotação do dólar está trazendo sufoco, nem é no bolso deles que está doendo os novos preços da gasolina e dos alimentos. Não é em suas searas que a subida de um ex-metalúrgico ao poder, e a eleição da afilhada Dilma, ocasionou uma tremenda elevação nos índices de corrupção e a perspectiva futura de um tempo de crescimento praticamente zero do Produto Interno Bruto. Ah, um ex-operário no poder! E sem um dedo... Claro que isso teria um custo! Romantismos à parte, é certo que todos estamos pagando por essa experiência ter redundado, à época, em sucesso. Sucesso aparente, ressalte-se. A realidade é que, hoje, estamos chorando esperanças perdidas, desilusão coletiva e um alto preço pelo investimento político feito em Lula.
                                   Mas, atenção. Não estou aqui entrando no mérito da questão, se foi certa ou não, boa ou não, a eleição dele. Mas me deixa interessado saber que influência na vida de Lula teve aquele momento da perda do quinto dedo – e como essa circunstância poderá afetar, para o bem ou para o mal, o destino de milhões de brasileiros. Será que foi naquele momento que ele decidiu perseguir com unhas e dentes a presidência da república? Se foi, já pensou o que pode causar a perda de um dedo? Divagações de lado, o fato é que o Brasil entrou numa aposta muito alta. De Lula veio Dilma. Até aqui desastre, desacerto. Será que o custo de ter feito Lula uma grande liderança redundou em enorme fracasso? Será que tudo não passou de um grande erro? E o dedo perdido que papel tem nisso tudo? Será que um dedo é tão impactante assim? E porque tantas perguntas em função de um dedo? Será que o dedo de Lula merece tanto espaço? Ou não...      

A MENSAGEM DA CRUZ


Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)

                             Todos sabem que Jesus Cristo morreu crucificado. Muitos conhecem particularidades e minúcias da vida que viveu entre nós. Alguns até defendem teses tecendo mil comentários a respeito do fenômeno que foi Cristo. Em todos os momentos, principalmente no período da Semana Santa, a humanidade, quase por inteiro, celebra a sua morte. Encenações teatrais, filmes, reuniões, retiros, conferências – enfim, os eventos mais diversos marcam a paixão, a vida, o ministério e a morte do homem que dividiu o tempo do mundo em dois tempos: antes e depois Dele. Mas, nesse momento de tanto emocionalismo, de tanta comoção, algumas perguntas necessitam ser feitas: o que o sacrifício de Jesus na cruz representa para nós? O conhecimento do gesto de Jesus na cruz traz alguma diferença no nosso dia-a-dia?  A morte de Jesus nos fez pessoas diferentes ou continuamos os mesmos?
                        A questão vital é se tomar conhecimento de que nada do que Jesus fez foi gratuito. O menor dos seus gestos teve uma significação especial. E o evento no Monte do Calvário, com sua crucificação, morte e ressurreição, foi o fato mais extraordinário já acontecido até hoje na história do homem. Aliás, Jesus só rivaliza com ele próprio. Pois outro acontecimento que pode se ombrear em magnitude à sua morte e ressurreição é o seu nascimento, único até hoje ocorrido nas condições especiais em que ocorreu. Mas hoje o assunto é a sua morte; do nascimento de Jesus cuidaremos outro dia. O relato sobre como tudo se passou recai na leitura do livro de Lucas, capítulo 23, a partir do versículo 33. Ali, após ser crucificado, Jesus profere uma das sentenças de maior significado prático para as nossas vidas, ao dizer “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
                        Nunca, jamais – e em nenhum outro momento da história humana – alguém manteve tamanha lucidez diante de uma realidade de tanto desconforto físico e tanta dor espiritual. Rejeitado, traído, cuspido, execrado, Jesus exalou amor até os minutos finais de sua vida. A humanidade O matava, porém Ele intercedia junto ao Pai em favor dos homens. Este gesto de Cristo deve ser seguido, praticado em todos os momentos de nossa vida. Afinal, se não perdoarmos a quem nos magoa, terminamos por transformar em acontecimento inútil o sacrifício de Jesus na cruz. Esta é, portanto, a primeira mensagem que Jesus nos envia da cruz – daqueles dias até os dias de hoje: o perdoar em qualquer circunstância. Pelo seu gesto, o perdão é uma condicionante fundamental para um viver cristão, para todos aqueles que se dizem seguidores de suas ideias e detentores de seu legado espiritual.
                        Passemos agora ao versículo 46, do mesmo capítulo 33 de Lucas. Ainda na cruz, já exalando seus últimos minutos de vida, Jesus faz uma confissão surpreendente – naquelas circunstâncias – de fidelidade incondicional ao Pai, dizendo: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. O que é o espírito? A vida, a nossa essência, o nosso eu. Com a sua exclamação, Jesus queria dizer que o seu espírito, a sua essência Ele só entregaria ao Pai – e a mais ninguém. O que isso significa? Comunhão total, absoluta com Deus, apesar do extremo sofrimento que estava enfrentando. Com seu gesto, Jesus nos remete à segunda mensagem da cruz: mantermos a comunhão com Deus em qualquer situação, mesmo nos momentos mais dolorosos. Será que é fácil? Não, não é. Daí a necessidade de não apagarmos da mente o cenário da cruz, local onde Jesus praticou comunhão e fidelidade a Deus em condições extremamente adversas.
                        Ao lado de Jesus dois homens também foram crucificados, conforme o mesmo Lucas capítulo 33, versículo 43. Numa delas, um homem ruma para a morte. De repente, de forma surpreendente, se volta para Jesus: “Mestre, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Momento terrível para ele descobrir que Jesus era mestre, um título nobilíssimo naquele tempo, e proprietário de um reino. Noutra cruz, o Filho de Deus, também nas piores condições físicas, se volta para ele: “Filho, ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Estranho momento para chamar um marginal de filho e lhe garantir a salvação, não é verdade? Aí está, então, a terceira mensagem da cruz: ao nos voltarmos para Jesus – seja qual for a circunstância – Ele nos garante a salvação, a morada com Ele no paraíso! Portanto, sem a aceitação e vivência dessas três mensagens, de que serve, para nós, o sacrifício de Jesus? Perdão, comunhão e salvação – a verdadeira essência da cruz. Vamos vivê-la?   

MILAGRE


Espera o milagre
nos olhos fechados: a visão
inaudita resulta em tentações.

                 O milagre
                 reflete a verdade
                 inalcançável.

Espera o repasse
das horas entre ventos
e o dissabor do destino.

(Pedro Du Bois, inédito)